Uma vez, quando eu era responsável por uma carteira de crédito de um grande banco fui chamado atenção por uma auditoria de fora do Brasil me perguntado se o Banco não fazia seguro sobre erros de cartórios. Fiquei surpreso porque nem sabia que existia esse tipo de seguro, perguntei para o auditor como isso era feito nos outros países e ele respondeu: muito simples, pela internet.
O mercado de seguros no Brasil ainda tem muito para evoluir; é muito concentrado, poucos produtos e baixa tecnologia. Não se contrata seguros via internet ou celular, mesmo nos produtos de varejo, massificados. Imagina como seria bom se a pessoa interessada pudesse comparar vários seguros nas diferentes plataformas, apólice eletrônica, contratação digital.
No que se refere a novos produtos, isso aconteceria se houvesse maior competição, novas seguradoras especializadas em diferentes nichos. Hoje no Brasil o setor é concentrado. Um indicador disso é o número de seguradoras x número de habitantes que é de 1,758 milhão. No Chile, por exemplo, essa relação é de 265 mil e nos EUA de 78 mil. Maior concorrência implica em novos produtos, preços mais competitivos, maior transparência do seguro comprado.
Sem tecnologia, a originação de seguros fica também mais cara para as seguradoras. Esse custo acaba sendo repassado para o preço do seguro pago pelo segurado. No Brasil, a intermediação é feita hoje por corretores, ou seja, adiciona-se ao já alto custo de originação as corretagens pagas que, segundo levantamento, é quase o dobro dos outros países.
Não estou com isso desmerecendo o papel do corretor, ao contrário, existem seguros mais complexos que sempre irão demandar dos corretores, mas não seguros mais simples que é o que acontece hoje no Brasil.
Esse avanço tecnológico iria com certeza reduzir as margens de lucro, mas, por outro lado, iria também aumentar a escala de vendas. Mudaria também a característica do corretor que passaria a atuar preferencialmente com produtos mais sofisticados e especializados em nichos cada vez menores. Enfim, são mudanças que virão em breve e quando isso acontecer todos ganharão: mercado, cliente, seguradoras e corretores.
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